Você sabia que existem mais de 100 espécies de café no mundo, mas apenas duas delas são comercializadas e consumidas?
Estamos falando do café Arábica e do café Robusta, que juntos representam cerca de 99% da produção mundial de café. Mas dentro dessas duas espécies, há muitas variedades de café, cada uma com suas peculiaridades e qualidades.
Neste artigo, vamos conhecer as principais variedades de café cultivadas no Brasil e no mundo, e descobrir como elas influenciam no sabor, no aroma e na qualidade da bebida que tanto amamos.
O que é uma variedade de café?
Uma variedade de café é um grupo de plantas que pertence à mesma espécie, mas que apresenta algumas diferenças genéticas entre si. Essas diferenças podem ser resultado de mutações naturais, de cruzamentos entre plantas ou de melhoramentos genéticos realizados por pesquisadores.
As variedades de café podem ter características distintas em relação ao tamanho, à forma, à cor, à produtividade, à resistência a pragas e doenças, ao teor de cafeína e aos atributos sensoriais dos grãos.
Quais são as principais variedades de café Arábica?
O café Arábica é originário da Etiópia e é considerado o mais nobre e refinado entre as espécies de café. Ele representa cerca de 70% da produção mundial e é cultivado em regiões de altitude elevada, entre 600 e 2000 metros.
O café Arábica tem um sabor mais suave, mais doce, mais ácido e mais aromático do que o café Robusta. Ele também tem menos cafeína, cerca de 1% a 1,5% em cada grão. Dentro do café Arábica, existem diversas variedades, sendo as mais conhecidas:
Bourbon
Uma das variedades mais antigas e tradicionais de café Arábica. Ela surgiu na Ilha de Bourbon (atual Reunião), no Oceano Índico, a partir de sementes trazidas da Etiópia pelos franceses no século XVIII.
O Bourbon tem grãos alongados e amarelos ou vermelhos. Ele é muito cultivado no Brasil, especialmente em Minas Gerais e em São Paulo. O Bourbon tem um sabor doce, equilibrado e frutado, com notas de caramelo, chocolate e frutas cítricas.
Mundo Novo
Resultante do cruzamento entre o Bourbon e o Typica, outra variedade antiga de café Arábica. Ela foi descoberta no Brasil, na década de 1940, em uma fazenda em Minas Gerais.
O Mundo Novo tem grãos grandes e arredondados, de cor amarela ou vermelha. Ele é muito produtivo e resistente a pragas e doenças. O Mundo Novo tem um sabor marcante, encorpado e complexo, com notas de chocolate, nozes e frutas secas.
Catuaí
Variedade criada no Brasil, na década de 1970, pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Ela é resultado do cruzamento entre o Mundo Novo e o Caturra, outra variedade derivada do Bourbon.
O Catuaí tem grãos pequenos e ovais, de cor amarela ou vermelha. Ele é muito adaptável a diferentes condições climáticas e altitudes. O Catuaí tem um sabor doce, suave e equilibrado, com notas de frutas vermelhas e caramelo.
Caturra
Originária da Colômbia, onde foi encontrada por acaso em uma plantação de Bourbon na década de 1930. Ela é uma mutação natural do Bourbon, que apresenta plantas menores e mais produtivas.
O Caturra tem grãos pequenos e arredondados, de cor amarela ou vermelha. Ele é muito cultivado na América Central e do Sul, especialmente na Colômbia, no Peru e no Brasil. O Caturra tem um sabor ácido, frutado e floral, com notas de limão, maçã e jasmim.
Acaiá
Originária do Brasil, onde foi descoberta em uma fazenda em Minas Gerais na década de 1970. Ela é uma mutação natural do Mundo Novo, que apresenta grãos sem a casca interna que envolve as sementes, chamada pergaminho. Por isso, os grãos de Acaiá são maiores e mais pesados do que os de outras variedades.
O Acaiá tem grãos redondos e amarelos. Ele é muito cultivado no Brasil, especialmente no Cerrado Mineiro. O Acaiá tem um sabor doce, suave e delicado, com notas de mel, baunilha e frutas tropicais.
Icatu
Variedade criada no Brasil, na década de 1980, pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Ela é resultado do cruzamento entre o Mundo Novo e o Robusta, buscando aliar a qualidade do Arábica com a resistência do Robusta.
O Icatu tem grãos grandes e alongados, de cor amarela ou vermelha. Ele é muito cultivado no Brasil, especialmente em São Paulo e no Paraná. O Icatu tem um sabor intenso, encorpado e aromático, com notas de chocolate, caramelo e especiarias.
Laurina
Originária da Ilha de Reunião, onde foi encontrada por acaso em uma plantação de Bourbon na década de 1930. Ela é uma mutação natural do Bourbon, que apresenta grãos menores e mais finos, com um formato que lembra uma amêndoa.
O Laurina tem grãos amarelos ou vermelhos. Ele é muito raro e delicado, exigindo cuidados especiais no cultivo. O Laurina tem um sabor suave, refinado e complexo, com notas de frutas cítricas, flores e mel. Ele também tem um teor de cafeína muito baixo, cerca de 0,6% em cada grão.
Quais são as principais variedades de café Robusta?
O café Robusta é originário da África Central e Ocidental e foi descoberto no final do século XIX. Ele representa cerca de 30% da produção mundial e é cultivado em regiões de baixa altitude, entre 200 e 800 metros.
O café Robusta tem um sabor mais forte, mais amargo, mais terroso e menos aromático do que o café Arábica. Ele também tem mais cafeína, cerca de 2% a 2,5% em cada grão. Dentro do café Robusta, há poucas variedades, sendo a mais conhecida:
Conilon
Variedade originária do Congo, onde foi encontrada por acaso em uma plantação de Robusta na década de 1930. Ela é uma mutação natural do Robusta, que apresenta plantas mais baixas e mais produtivas.
O Conilon tem grãos pequenos e arredondados, de cor marrom ou verde. Ele é muito cultivado na África, na Ásia e no Brasil, especialmente no Espírito Santo. O Conilon tem um sabor forte e robusto, com uma leve adstringência e notas de madeira e terra. Sua personalidade marcante é apreciada por quem prefere um café com corpo e presença.
Traçando a rota certa para o seu café perfeito
A aventura de descobrir a variedade de café perfeita é uma jornada pessoal e única. Há aqueles que têm uma afinidade com cafés mais suaves e doces, enquanto outros desfrutam do vigor de cafés mais intensos e amargos. Alguns paladares são cativados por cafés mais ácidos e frutados, enquanto outros encontram prazer nos cafés mais encorpados e terrosos.
No entanto, é importante lembrar que a qualidade da bebida não depende apenas da variedade do grão. Ela é influenciada por uma série de outros fatores como o clima, o solo, a altitude, o processo de colheita, o método de secagem, o tipo de torra e o modo de preparo.
Por isso, para descobrir a variedade de café que melhor se adequa ao seu paladar, o ideal é experimentar diferentes tipos e avaliar as suas características sensoriais. Procure por cafés especiais, cujas embalagens ou sites forneçam informações sobre a variedade do grão.
Assim, você pode embarcar em uma jornada de descobertas e sabores, experimentando, comparando e aprendendo sobre os diferentes tipos de café. Com o tempo e a experimentação, é possível encontrar a variedade que melhor se adapta ao seu gosto, proporcionando a você a melhor experiência de degustação de café que um verdadeiro apreciador pode ter.